O transtorno do espectro autista (TEA), conhecido popularmente como autismo, pode trazer muitas dificuldades e desafios do sono do autista. O que fazer para melhorar pode ser a chave para minimizar noites em claro para toda a família.
TEA é um transtorno de desenvolvimento caracterizado por alterações neurológicas complexas e padrões comportamentais estereotipados.
Possui diversas formas de manifestação, com níveis de gravidade diferentes que costumam aparecer nos primeiros três anos de vida.
SONO NO AUTISMO
O sono é uma necessidade básica para manutenção de vida e bem-estar.
É dentro dos primeiros meses de vida que iniciamos a adequação do ciclo normal de sono e vigília.
Toda criança que possui alterações no sono, poderá apresentar dificuldades de manter a atenção, gerar comportamentos impulsivos, bem como ter uma redução do rendimento escolar e apresentar dificuldades no relacionamento social e familiar.
Na criança com TEA essas dificuldades estão acentuadas. Estima-se que 40 a 80% das crianças com autismo apresentam problemas com o sono.
Entre as dificuldades apresentadas estão: dificuldade para dormir, despertares frequentes durante a noite com dificuldade para retomar o sono, despertar cedo demais, sono inquieto, ronco, xixi na cama, sono de má qualidade e rotinas de sono inadequadas.
Há também uma relação direta entre a gravidade do autismo e a severidade do distúrbio do sono, ou seja, quanto mais grave o TEA, mais intensos e frequentes são os problemas do sono.
É importante ressaltar que um sono de má qualidade não afeta somente a criança, mas todos que estão na mesma casa.
O QUE CAUSA?
A causa destes distúrbios do sono em crianças com TEA ainda não é totalmente esclarecida, mas há suspeitas de várias questões que podem estar envolvidas com o sono.
Autistas podem possuir alterações de comunicação social ou ambiental, com uma certa dificuldade em compreender os sinais de que a hora de dormir está chegando.
Como exemplo podemos citar, à noite, o céu escuro ou até mesmo os preparativos familiares para o sono, como colocar o pijama, escovar os dentes.
Uma outra causa pode estar relacionada a um desequilíbrio do ritmo circadiano, com o horário da produção e o nível de melatonina produzida pelas crianças com TEA alterados.
Melatonina é um hormônio fabricado, entre outros lugares, principalmente na glândula pineal, no cérebro e ajuda a regular o ciclo sono-vigília.
Sua produção precisa de triptofano, um aminoácido que pode estar alterado nessa população.
Em situações normais este hormônio possui o seu pico de produção à noite, em decorrência do escuro, mas em crianças com TEA este horário e/ou a quantidade podem estar alterados, prejudicando a chegada do sono.
O QUE MAIS?
Uma parte dessas crianças apresentam hipersensibilidade a estímulos externos relacionados aos sentidos, como sons, luzes e toque (inclusive do lençol) que prejudicam a qualidade e até mesmo a continuidade do sono.
Crianças com TEA são comumente ansiosas, o que por si já pode atrapalhar o sono.
Já se sabe que um sono de má qualidade traz diversos malefícios a um adulto e nas crianças com TEA não é diferente, mas até um pouco mais acentuado.
Agressividade, hiperatividade, irritabilidade, dificuldade de aprendizado com baixo rendimento, são alguns exemplos desses malefícios.
Costumam ter o sono mais inquieto, pois muitos já possuem uma agitação comum como o balançar, entre outras, podendo interromper o sono. Este tipo de situação deve ser levado ao médico.
Outros distúrbios do sono podem estar associados e procurar um médico pode ajudar a encontrar o gatilho causador do sono ruim para que seja possível uma solução.
O QUE FAZER PARA MELHORAR?
Atuar junto com o médico em doenças pré-existentes como epilepsia, refluxo gastroesofágico é o primeiro passo para encarar as dificuldades e desafios no sono do autista.
Tratamentos comportamentais com mudanças nos hábitos do dia a dia, chamada higiene do sono, podem ajudar a regular o sono e melhorar a qualidade.
Tentar manter o mesmo horário para dormir e acordar todos os dias, inclusive finais de semana, férias e feriados.
Procure evitar episódios de ansiedade pode ajudar. Aborde assuntos difíceis durante o dia evitando situações que possam deixá-lo preocupado antes de dormir.
Evitar eletrônicos, como TV, videogame, celular cerca de 2hs antes do horário de dormir. Da mesma forma evitar sons estimulantes e altos e luzes fortes também ajuda.
Não comer comidas pesadas demais e nem com substâncias estimulantes como cafeína e açúcares e não estar com fome.
OUTRAS PARTICULARIDADES
Algumas crianças com TEA podem ter alguma mania, como por exemplo ter o sapato deixado em uma determinada posição e se isso não acontecer, ela pode ter dificuldades em relaxar para dormir.
Mantenha um ambiente fresco, escuro e silencioso, evitando estímulos sensoriais.
E para ajudar o sono a chegar, um banho morno e uma leitura de história sob meia luz podem relaxar.
Faça uma rotina, elas vão ajudar a criança.
Medicamentos e suplementos, como a melatonina são utilizados em casos específicos e sob supervisão médica.
Hábitos diurnos também podem interferir no sono como não ter uma alimentação saudável ou não praticar alguma atividade física.
A criança submetida a mudanças de hábitos diurnos e noturnos pode demorar de 3 dias a 4 semanas para se adaptar, portanto tenha paciência e persista.
POR QUE PROCURAR AJUDA ESPECIALIZADA?
Um sono reparador é fundamental para o equilíbrio do dia a dia, melhorando a irritabilidade, memória, a concentração, e na criança com TEC auxilia no aprendizado e na saúde emocional também.
Sintomas de TEA podem exacerbar com noites mal dormidas, piorando situações comportamentais e sociais, trazendo dificuldades e desafios no sono do autista..
Uma Polissonografia pode ser solicitada pelo médico se um distúrbio do sono como a apneia obstrutiva do sono ou alterações comportamentais do sono como a síndrome das pernas inquietas ou distúrbio periódico dos movimentos dos membros estiverem sob suspeita.
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