A Terapia de Alto Fluxo Nasal veio para ficar

Já ouviu falar neste tipo de terapia?

Essa terapia consiste na administração de alta concentração de gases (ar comprimido e/ou oxigênio), nas narinas do paciente, através de uma cânula nasal específica.

Quando falamos de terapia com Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF), falamos da entrega de até 60l/min de gás na via aérea do paciente, nos casos de pacientes adulto e até 25l/min em pacientes pediátricos.

Esta terapia se torna possível e viável porque entrega o gás aquecido (a cerca de 37ºC) e umidificado (Umidade relativa do ar a 100%), ou seja, imita a temperatura e umidade fisiológica (normal) do corpo humano, tornando a terapia confortável ao paciente.

Tem indicação certa para uso?

Toda terapia tem suas indicações corretas e com o CNAF não é diferente. É uma terapia indicada basicamente a pacientes com insuficiência respiratória, onde a terapia convencional (cânula nasal de oxigênio, máscara de oxigênio, Venturi ou máscara com reservatório) não surtem o efeito esperado perante a oxigenação e desconforto respiratório dos pacientes.

Mas o que ela faz ao certo?

Duas coisas são muito importantes na terapia com CNAF. Uma delas é o fluxo e a outra é a fração inspirada de oxigênio (FiO2), ou seja, a quantidade de oxigênio (O2) que queremos ofertar ao paciente.

Ao ofertar um fluxo de gás alto ao paciente, aumentamos a quantidade de ar inspirado, chamado de volume corrente (VC), facilitando a entrada de ar e diminuindo o esforço muscular existente nessa fase da respiração. O ar turbulento que entra pelas narinas diminui o gás carbônico (CO2) presente na via aérea do paciente, pois não permite que ele se acumule.

Como houve um aumento na quantidade de ar inspirado, haverá também um aumento no tempo da expiração, permitindo que o CO2 que esteja acumulado nos pulmões diminua.

Assim como facilitamos a inspiração, há uma certa resistência na expiração, uma vez que o paciente precisa expirar contra o gás que está sendo administrado pela cânula nasal. Essa resistência faz com que o ar permaneça nos pulmões por mais tempo, causando uma pequena pressão intratorácica.

Então posso dizer que é uma ventilação não invasiva (VNI), como uma terapia CPAP com pressão positiva?

Não, nunca. A terapia CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), como o próprio nome diz,  é a terapia de “Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas”, ou seja, empurra o ar para dentro dos pulmões continuamente mantendo uma pressão constante nas vias aéreas e para que isso aconteça, necessita de uma máscara com vedação, sem vazamentos.

Já na terapia com CNAF, a cânula não veda toda a narina e, portanto, não tem como manter essa pressão contínua. Sendo assim, dizemos que há uma pressão positiva dinâmica, ou seja, ela oscila conforme o ciclo respiratório do paciente, sendo o seu pico na expiração, porém essa pressão é mínima. Alguns estudos relatam uma pressão de pico expiratório de no máximo até 6cmH2O dependendo do fluxo ofertado e da complacência respiratória. Por ofertar essa pressão pequena e principalmente dinâmica, é o tipo de terapia ideal quando se tem contra indicação de pressão positiva, como em cirurgias abdominais altas e complexas.

E por fim podemos controlar a quantidade de O2 ofertado com concentrações de 21% a 100% conforme a necessidade de cada paciente.

Como é possível saber exatamente a quantidade de O2 que o paciente está recebendo, a terapia com CNAF se torna ainda mais confiável

Muitos estudos já comprovam sua eficácia na resolução de insuficiência respiratória, diminuindo a taxa de mortalidade, evitando a intubação, diminuindo tempo de permanência em UTI e tempo de permanência no hospital.

Pode ser usado também:

– Durante a intubação, minimizando a hipoxemia (falta de oxigenação) durante o procedimento.

– Para melhorar a insuficiência respiratória evitando a intubação.

– Após a extubação para evitar falha do procedimento.

– Como descanso dos períodos de VNI.

– Evitar escalonamento de terapia.

 

A terapia com CNAF está associada também a baixos índices de lesão facial por pressão e menor índice de ressecamento nas vias aéreas.

Hoje, a terapia por CNAF é comumente utilizada no ambiente hospitalar desde o PS à UTI e normalmente controlada pelo fisioterapeuta membro de uma equipe multidisciplinar.

Em um futuro próximo, com o constante avanço da tecnologia na área médica, este tipo de terapia poderá também ser aplicado de forma domiciliar em casos específicos, como pacientes retentores crônicos de CO2.

Como toda terapia respiratória, o CNAF deve ter indicação médica e deverá ter acompanhamento profissional competente.

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