Algumas práticas simples favorecem um descanso tranquilo para toda a família
Nos primeiros anos de vida, as noites podem ser o período mais desafiador para filhos e pais. Os benefícios do descanso noturno, como diminuição de irritabilidade, ansiedadee aumento da capacidade de concentração, são conhecidos, mas, na maioria das vezes, não é fácil fazer o bebê dormir. Conversamos com o pediatra Hamilton Robledo, do Hospital São Camilo (SP), sobre o assunto e ele deu algumas sugestões para ajudar na boa qualidade do sono do seu filho. Veja, a seguir.
Para o pediatra, deixar o recém-nascido em prantos no berço, até que pegue no sono, causa grande desconforto e irritabilidade para ele e para os pais, o que dificulta o descanso de todos. “O ideal é que, desde pequenas, as crianças sejam acostumadas com seu horário de ir para a cama”, diz. “Deixe as luzes mais baixas e evite excitar seu filho demais com brincadeiras no período noturno. Caso comece a chorar, fique com ele até se acalmar.”
Os horários do bebê devem ser organizados para que ele consiga se adaptar mais rapidamente. É claro que a amamentação por livre demanda não permite a imposição de um cronograma rígido, mas é possível estipular algum padrão. “Logo depois que o bebê arrotar e já estiver na hora de dormir, coloque-o no berço. Nada de ficar com ele no colo. Com esse cuidado, não haverá problema algum quando chegar a hora de dormir sozinho”, garante Robledo.
A partir dos 6 meses, quando termina a amamentação por livre demanda e ela passa a ser complementar, fica mais fácil estipular horários mais regulares para as atividades diárias. Assim, a criança fica mais tranquila e percebe que todo dia, na mesma sequência, acontecem determinados eventos. “A tranquilidade é essencial para um bom descanso, pois, quanto mais relaxado o bebê estiver, menos ele vai lutar contra o sono”, justifica o pediatra. “É importante estabelecer um breve ritual de sono, com duração máxima de 30 minutos, que pode incluir banho, a colocação do pijama, uma historinha e até um tempinho no colo”, ensina.
“Quando a criança acorda, ela pede a presença dos adultos que representam seu porto seguro”, afirma o pediatra. É fundamental deixar claro que os pais estarão sempre presentes quando ela chamar (e, no começo, isso deve acontecer toda vez que ela solicitar). Assim, cada vez mais, seu filho vai sentir segurança para dormir. Segundo Robledo, o ideal é que os pais tentem acalmar o pequeno no berço ou na cama, mas, se não for possível, não há problema em pegá-lo no colo. Logo depois que adormecer, deve ser colocado no berço ou na cama novamente.
Paciência é a palavra-chave para quem quer ensinar o filho a dormir em sua própria cama. Se o bebê já consegue andar e insiste em ir até o quarto dos pais, o ideal é que eles o recoloquem em sua cama até que entenda que ali é seu local de descanso.
“Recém-nascidos que dormem na cama dos pais correm vários riscos, comosufocamento, que podem levar até ao óbito”, alerta o pediatra. “Para crianças maiores, o hábito pode representar uma dependência excessiva dos pais, sem contar que, à medida que cresce, o espaço acaba ficando pequeno e desconfortável para os três. O pai sempre acaba saindo da cama, o que desfavorece a intimidade do casal e diminui o vínculo afetivo familiar.”
De acordo com Robledo, se a criança é pequena e fica doente, o ideal é que os pais se desloquem até quarto dela para lhe dar mais atenção e cuidados. Caso seja maior– geralmente com mais de 7 anos– e já consiga compreender a situação, ela pode ficar na cama do casal, desde que lhe seja explicado que se trata de uma ocasião excepcional.
Se o seu filho não conseguir pegar no sono sozinho, fique ao lado dele no quarto até que ele adormeça. No começo, esse processo pode levar tempo, mas será cada vez mais rápido , conforme ele for se adaptando. “É importante insistir nesse procedimento, mesmo que seja exaustivo”, diz o pediatra.
“A partir dos três meses, as sonecas passam a ocorrer nos períodos da manhã e da tarde e chegam a durar até 2 horas”, explica Robledo. Ele ressalta que a soneca é importante para um bom desenvolvimento infantil e fundamental até os 3 anos. Elas não atrapalham o sono do bebê durante a noite. “A ausência do cochilo pode levar a distúrbios de comportamento, como ansiedade e irritação”, avisa. Vale lembrar que esses cochilos não necessariamente precisam ser no berço, tampouco a casa tem de estar em silêncio, como à noite.