morte digna

Vamos falar sobre morrer?

O que você precisa saber sobre Cuidados Paliativos, DAV e dignidade na morte

Como este é um blog que aborda cuidados, dicas e atualidades sobre saúde, falar sobre morrer é algo que parece fugir do propósito, mas a morte também faz parte do nosso dia a dia.

Morrer faz parte do curso natural da vida de 100% dos seres humanos, mas quase ninguém quer falar sobre isso.

A maioria de nós não a aceita com a naturalidade que a morte se apresenta, nem ao menos aceita falar sobre o assunto e quiçá planejá-la.

Se é o destino certo de todos, mais dia ou menos dia, não seria importante entendermos o processo e falarmos sobre isso abertamente e com naturalidade?

Em algum momento no passado esse assunto se tornou algo mórbido, cruel e desnecessário, haja visto o sofrimento que ela traz ainda na atualidade, mas se é algo real, talvez necessite ser tratado como tal.

É fato dizer que a morte acontecerá, esteja você preparado para ela ou não. Poderá ser hoje, amanhã ou talvez daqui a bastante tempo, como ter certeza?

É justamente por essa incerteza de quando acontecerá, que o assunto precisa estar claro e calmo na sua mente.

Já pensou que aceitar a nossa finitude talvez seja uma maneira mais digna de ver a vida ou de sabermos o que fazer com ela enquanto aqui estamos e que a paz no final talvez seja possível?

Afinal, para morrer não é preciso religião, nem crença, nem doença pré-existente. Para morrer só é preciso estar vivo.

Já pensou nisso?

Se a morte é algo inevitável, devemos procurar vivenciá-la com mais qualidade, não?

Será isso possível?

O assunto é extenso, em muitos pontos controverso e com certeza não terá todas as suas vertentes ou detalhes colocados nesse texto, mas merece uma reflexão.

Você sabe dizer, quando chegar do outro lado, do que vai querer se lembrar? Qual legado vai querer ter deixado? Do que vai ter se arrependido? Do que terá orgulho?

Mesmo que não creia em Deus, outro lado da vida ou algo maior, como vai querer ser lembrado pelos seus amigos ou familiares?

Talvez a forma como encara a vida, os problemas, as alegrias, mágoas, tristezas ou felicidades possam marcar seus sentimentos e das pessoas que vivem ao seu redor e isso traga algum sentido no seu viver com mais dignidade.

morte ou mal subito

COMO PLANEJAR UMA MORTE DIGNA?

Ao falarmos de morte, pensamos imediatamente em idosos, acamados ou com problemas sérios de saúde, como o câncer, mas e quando ela acontece inesperadamente!?

Quando a morte chega sem um aviso prévio, sem uma doença pré-existente, ainda assim será possível nos preparar para ela?

A resposta é sim.

Além disso, é possível escolher previamente, em caso de uma morte inesperada, como por exemplo um acidente de carro ou um mal súbito, se quer ser reanimado, intubado ou ter seus órgãos doados.

JÁ OUVIU FALAR EM DAV?

DAV é a sigla de Diretivas Antecipadas de Vontade (ou Testamento Vital), um documento que serve para informar expressamente os tratamentos que deseja ou não receber em momentos em que estiver incapaz de expressar suas vontades conscientemente.

Esse documento serve para todo mundo, esteja você sadio ou não.

Portanto, sabendo que acidentes ou uma doença silenciosa pode causar óbito iminente, ter uma DAV pode ser algo a ser pensado e planejado em sã consciência.

O conhecimento sobre a DAV vem aumentando a cada dia na nossa cultura, principalmente a partir da pandemia da Covid 19, frente a tantas mortes ocorridas e mais comumente conhecida dentre os pacientes que estão em cuidados paliativos.

A DAV passa a ser cogitada, a partir do conhecimento de que a tecnologia possibilita procedimentos médicos que podem, artificialmente, prolongar a vida dos pacientes, mesmo que se saiba da impossibilidade de se ter condições mínimas de dignidade humana, elevando o sofrimento do indivíduo.

planejar a morte

CONHECENDO OS CUIDADOS PALIATIVOS

Dito isto sobre DAV quando se está hígido, vamos observar outro ponto de vista e então esquecer um pouco as mortes repentinas, das quais não temos como prever (só planejar) e vamos falar um pouco nas previsíveis, daquelas decorrentes de doenças graves e ameaçadoras da vida, sejam elas de progressão lenta ou não.

Você já deve ter escutado falar em cuidados paliativos, não?

Ao contrário do que muita gente pensa, cuidados paliativos não são os cuidados (ou falta deles) em pacientes na “reta final da vida”, nos últimos dias ou horas antes da morte.

Cuidados Paliativos são cuidados em saúde que visam qualidade de vida e funcionalidade frente a um diagnóstico de doença grave e ameaçadora da vida.

Isso não quer dizer que a morte virá rápido, mas sim que ela pode existir nesse processo, podendo demorar semanas, meses e até anos, ou até mesmo não existir em decorrência dessa doença diagnosticada.

A indicação de cuidados paliativos deve ser introduzida no diagnóstico de uma doença ameaçadora da vida e não somente no real fim dela.

Esses cuidados visam melhorar a qualidade de vida, prevenir e aliviar o sofrimento dos pacientes e de seus familiares que estão enfrentando uma doença que ameaça a vida.

Os familiares são incluídos sim neste processo, pois a partir do diagnóstico de uma doença grave, a família normalmente adoece junto.

A partir desta perspectiva, esse diagnóstico traz consigo um sofrimento ímpar ao paciente e aos seus familiares ao perceber a finitude iminente da vida, trazendo à tona o sentido real da vida, da vivência da vida, da morte e da vivência da morte, da vitalidade e da mortalidade.

Infelizmente, ainda hoje, a maioria das instituições encaminham os pacientes para cuidados paliativos, quando “não há mais nada a fazer”.

Consegue sentir o peso desses dizeres, “não há mais nada a fazer”?

Como se sentiria se ouvisse essa frase a seu respeito?

Então saiba, que o fato é que até o último suspiro e até o último batimento cardíaco, há algo que possa ser feito.

Salvar a vida talvez não faça parte desse feitio em alguns casos, mas dar conforto e qualidade no morrer sim.

Acha isso possível?

Aliviar a dor e o desconforto (de múltiplas origens), além de promover tratamento psicossocial, físico e até espiritual nesses momentos pode ser a chave para o morrer em paz, para a vivência de uma morte boa e para o alívio do sofrimento.

Pode realmente haver um momento em que a ciência e a medicina nada possam fazer pela doença, mas pelo doente sempre haverá.

Sabe-se hoje em dia que o encaminhamento de pacientes com doenças ameaçadoras da vida de forma precoce aos profissionais especialistas em cuidados paliativos, reduz sintomas (físicos, psíquicos e emocionais), melhora a qualidade de vida e reduz a utilização de tratamentos fúteis e/ou agressivos que só irão prolongar o sofrimento.

Podemos exemplificar falando do uso de equipamentos para conforto respiratório como os Concentradores de oxigênio ou outros equipamentos, como o CPAP, BIPAP, Terapia de Alto Fluxo ou até ventiladores mecânicos domiciliares.

São equipamentos largamente utilizados por muitos pacientes em cuidados paliativos e muito úteis em várias etapas do tratamento (mediante avaliação e prescrição médica). Entretanto há um limite em que essas terapias são indicadas visando melhorar a qualidade de vida e não de prolongar o sofrimento.

desejos antes de morrer

PLANEJANDO A MORTE DIGNA A PARTIR DE UMA DOENÇA

Nessas situações, onde há o diagnóstico de doença ameaçadora da vida, seja a curto ou longo prazo, a DAV tem se mostrado cada dia mais promissora e utilizada.

Através dela (com registro em cartório), o paciente pode estabelecer em vida, o que deseja ou não sobre si, em termos de procedimentos médicos, durante períodos de incapacidade, desde que estejam de acordo com a legislação vigente.

Estas diretrizes, como recusar algum tipo de tratamento, por exemplo, podem parecer cruéis para algumas pessoas, mas poderá trazer conforto, qualidade de vida e dignidade no decorrer do processo.

É diante de uma situação de final de vida, onde o cuidado e o amor dos familiares entram em conflito com a autonomia e a vontade do paciente, que este documento faz a diferença.

Há muito ainda a se dizer sobre o assunto, sobre ética, eutanásia, distanásia, ortotanásia e outras definições que rondam o assunto, mas saber que a dignidade humana sempre deve estar presente é um alívio aos corações dos que sofrem com sua finitude próxima ou de alguém que ama.

Importante salientar que no Brasil ainda não há lei normatizando as Diretivas Antecipadas de Vontade, existindo apenas como norma reguladora do assunto, a Resolução CFM nº 1995/2012, publicada no Diário Oficial da União de 31 de agosto de 2012, seção I, p. 260-70, pela qual é de grande importância a orientação de um médico de confiança, conhecedor do teor dessa norma no Conselho Federal de Medicina.

Nada pode-se fazer a partir do desconhecido, mas muito há que se fazer quando se sabe o mínimo de muito.

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Fontes:

  • https://www.1rtdbh.com.br/areas-de-atuacao/dav-diretrizes-antecipadas-de-vontade-testamento-vital-ou-vidual
  • https://pebmed.com.br/contestando-mitos-cuidados-paliativos-podem-aumentar-a-sobrevida/
  • https://www.scielo.br/j/bioet/a/SzZm7jf3WDTczJXfVFpF7GL/?format=pdf&lang=pt
  • https://pebmed.com.br/diretivas-antecipadas-de-vontade-tudo-que-voce-precisa-saber/
  • https://ibdfam.org.br/noticias/8170/Registros+de+Diretivas+Antecipadas+de+Vontade+cresceram+nos+%C3%BAltimos+anos%3B+pandemia+deu+nova+import%C3%A2ncia+%C3%A0+discuss%C3%A3o
  • https://1tabelionatodenotas.com.br/blog/testamento-vital-ou-diretivas-antecipadas-de-vontade-dav
  • https://paliativo.org.br/testamento-vital-um-caminho-para-as-conversas-dificeis
  • https://www.26notas.com.br/noticias/saiba-tudo-sobre-a-dav

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