Impedidos de dormir, voluntários não resistem a salgadinho, biscoito e bala.
Noite mal dormida tem efeito similar ao da fome súbita ligada à maconha.
Estudo diz que privação de sono pode levar ao vício a alimentos com excesso de açúcar ou sal (Foto: Lynne Curry/Reuters)
Um experimento que submeteu voluntários a noites mal dormidas mostrou que a privação de sono aumenta a propensão das pessoas ao vício em alimentos nocivos — com excesso de sal, açúcar ou gordura.
Os autores do trabalho, da Universidade de Chicago, mostraram que a falta de sono provoca a proliferação de endocanabinoides, moléculas naturais presentes no sistema nervoso humano que se parecem com o THC, o princípio ativo da maconha.
Como os endocanabinoides atuam no cancelamento da sensação de saciedade, sua proliferação acaba por provocar fome. A privação de sono, então, funciona de maneira semelhante à chamada “larica”, a fome súbita que usuários de maconha costumam experimentar.
Para investigar esse efeito, os cientistas recrutaram 14 voluntários para o experimento de privação de sono e monitoraram seu sangue para os níveis de 2-AG — uma molécula endocanabinoide com envolvimento especial na regulação da forme.
Durante quatro dias, os participantes do experimento comiam iguais porções de café da manhã, almoço e jantar, mas foram separados em dois grupos de acordo com o sono. Um dos grupos podia dormir até 8 horas e meia por noite, outro apenas 4 horas e meia.
O nível de 2-AG no sangue dos voluntários mal dormidos, ao final, foi cerca de 33% maior. Isso acabou culminando também em um consumo maior de alimentos nocivos.
No quarto dia, os cientistas ofereciam aos voluntários um conjunto variado de petiscos e aperitivos. Aqueles que estavam sob privação de sono comeram uma quantidade muito maior de biscoitos, batatas chips e balas — os itens menos saudáveis –, resultando em um consumo de calorias 50% maior do que os voluntários com sono em dia.
“Descobrimos que a restrição ao sono amplia um sinal que pode intensificar o aspecto hedônico da ingestão de comida, o prazer e a satisfação obtidos com a alimentação”, afirmou Erin Hanlon, uma das líderes do estudo, em comunicado à imprensa. Um estudo sobre o experimento foi publicado na revista científica “Sleep”.
Assista o vídeo clicando aqui